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Estar com a mosca

Fui vaguear para as ruas dos duques. Ao passar à porta do café Asa de Mosca, lembrei-me da pretensão recente de traduzir  avoir le cafard por estar com a mosca; não deu em nada porque a expressão já está tomada. É pena. Mesmo assim, se tivesse de me encontrar com Cioran aqui no Porto, era no Asa de Mosca. Depois podíamos ir ao Prado do Repouso — ele era capaz de apreciar o nome e ainda alguns arroubos arquitectónicos que por lá se vêem. Quando saí do cemitério comprei vinho (os tais de altitude ) e flores.

O cavalo e a mosca

Um grupo de homens alemães chega ao sul da Bulgária para construir uma barragem. Essa é a única linha narrativa de “Western”, o resto são fragmentos que se desenrolam quase sem objectivo. No princípio só vemos a vegetação, as pedras, o rio, as montanhas. Depois vamos diferenciando cada um dos homens e aproximamo-nos de Meinhart, um tipo calado e, talvez por causa disso, um bocado antiquado. Surge uma aldeia e as pessoas que lá vivem. Conversam, bebem, estabelecem-se relações. Ouve-se uma mosca. Há uma festa. A determinada altura, uma das personagens diz que parece uma viagem no tempo, para o passado. E está certa — é uma viagem no tempo não só para aqueles homens mas para o próprio filme. É como se Valeska Grisebach conseguisse filmar sem criar imagens, regista o que se vai passando em redor sem o cristalizar. Os diálogos entre os alemães e os búlgaros são muito básicos, entendem poucas palavras uns dos outros, vão ensinando o som que corresponde a pau ou a rosto ou a liberdade