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A mostrar mensagens com a etiqueta Clássicos

Aviso a um jovem poeta

Recomendar-lhe-ia, como poeta e espírito brilhante que deseja ser, a leitura dos grandes autores da Antiguidade porque, sendo como os macacos que catam a vermina na cabeça dos donos, verá que, tal como no bom queijo velho, é nos bons autores que os vermes abundam, e não nos novos; por isso, deve o meu jovem amigo manusear, constantemente, os clássicos, em especial os mais roídos pelos vermes. Mas com cuidado, não vá ter com os antigos o mesmo procedimento que têm alguns infelizes jovens que roubam quanto encontram nas algibeiras dos velhos progenitores. A sua ocupação não é roubar, mas aproveitar e fazer suas as ideias deles; o que, embora difícil, é, no entanto, bastante possível, sem incorrer na vergonhosa imputação de gatunice; penso, com toda a humildade, que, embora acenda a minha vela na do vizinho, isso não altera a propriedade, nem faz com que o pavio, a cera, a chama ou a vela inteira sejam menos meus.  Jonathan Swift, Preceitos para uso do pessoal doméstico e outros textos .

Férias de agosto

Estou a passar férias em Middlemarch . Entre outras coisas instrutivas, aprendi a tratar os médicos por facultativos . (Os políticos deviam ler os clássicos; se ampliassem o vocabulário, talvez depois conseguissem ampliar as ideias?)

Fita-cola

Na Feira da Vandoma, compro por cinquenta cêntimos uma velha edição de Aristófanes, que inclui «As vespas» e «As aves». É uma daquelas edições populares de textos clássicos , com capa e miolo no mesmo papel, e cadernos que se vão separando com o tempo. A capa, manchada pela humidade, está presa à lombada por um fio. Em casa, tento juntá-las com fita-cola da loja do chinês. Talvez o meu Aristófanes se aguente mais uns anos com este truque vulgar. Talvez - vejo agora - esta seja a minha pobre contribuição para a «actualização» dos clássicos.