Na sua Viagem a Itália , Goethe escreveu qualquer coisa que nos parece destinada. Sublinha uma diferença entre os Antigos e os Modernos que diz respeito precisamente a este ponto. Os Antigos, lemos, fizeram do existente, do terrível e do agradável, o pivot da sua representação, enquanto que se os Modernos se interessam por estes aspectos é pelo efeito que estes produzem. Mas quando o que interessa é a procura do efeito, conclui Goethe, o resultado não pode ser outro que não a hipérbole, a maneira, a afectação. Aquele que opera em busca do efeito não crê nunca tê-lo tornado suficientemente perceptível e deverá, portanto, ir sempre mais longe. É precisamente o que acontece hoje. Quem se preocupa ainda em suscitar julgamentos fundados? O que conta é, pelo contrário, solicitar e administrar as emoções: interceptá-las e fertilizar um terreno propício ao consumo de mercadorias, quer se trate de visões do mundo, de discursos, de imagens, de objectos ou de comunicações. Fabio Merlini, na revis...
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral