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— Vá avozinho, despacha-te! Tens de ir para a cama. Vá lá, come a sopa. Vá, diz a tua frase: «Em princípio, os pobres têm razão.»

Marxismo cultural — a santíssima trindade

Devemos ficar do lado dos oprimidos em todas as circunstâncias, mesmo quando não têm razão, sem esquecer, porém, que eles foram amassados ​​na mesma lama que os seus opressores. Emil Cioran , Do inconveniente de ter nascido. É a terceira vez que apanho este pensamento bem formulado.  Cioran depois de Luis Buñuel (Tristana) e Thomas Bernhard (O sobrinho de Wittgenstein) .

Nem um sopro de vida

As minhas ideias políticas mais importantes vêm de textos e filmes clássicos (Sófocles, John Ford, Kleist, Büchner, por aí fora), de um filme de Buñuel, do livro do Genet sobre Giacometti e, se não me engano, d’ O Sobrinho de Wittgenstein. Passo os olhos pelos programas eleitorais (não os consigo ler na íntegra); parecem chicletes velhas.
O que impressiona sempre em A Regra do Jogo é a balbúrdia. Claro que Jean Renoir filma a balbúrdia com a sua habitual delicadeza e aquilo que caminha a grandes passos para o descalabro transforma-se num bailado com tutus. Mas se isso é o que nos encanta uma e outra vez por causa do ritmo musical e de qualquer coisa que não tem nome, depois de vários confrontos começamos a pensar em outros pormenores, por exemplo: talvez o mais importante do filme seja a forma como Renoir assinala os defeitos (muitos) e as virtudes (poucas) de todas as classes sociais — uma espécie de tiro de partida para um pensamento político radical.