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A trombeta de Gabriel

Num dos textos que escreveu para o Curso de Crítica de Cinema do Batalha , Inês Sapeta Dias fala de programação como se fosse (também) um tipo de montagem que manobra, não ao nível dos planos e das sequências, mas na justaposição de filmes — uma espécie de movimento macroscópico. Apesar de exterior, trata-se de um gesto extremamente poderoso que qualquer um (?) pode fazer desde que se afaste um pouco (quem explica bem este grau de medida incerto-mas-importantíssimo é Agamben). Mesmo quando se trata de uma carta aberta para enquadramento das suas próprias obras, os cineastas agem como alguém que vê de fora, como um programador que acredita que é possível estabelecer diálogo entre trabalhos diversos e que esse diálogo pode alterar o modo como daí para a frente passamos a ver esses filmes e que isso também é cinema. Inês refere que passou a pensar nos filmes de Jean-Claude Rousseau de outra forma depois de os ter visto ao lado d' O Anjo Exterminador : apesar de nos darmos con...

Uma imagem de possibilidade

Os miúdos que ocuparam o jardim da Faculdade de Ciências do Porto, montaram as tendas junto ao sobreiro e à faia-pendula . Ou deram conta que as diferenças e a proximidade das duas árvores têm a ver com a sua luta ou foi um belo golpe do acaso.

«A vida é um estado de ambição»

Trouxe Areias Brancas da Biblioteca. É o primeiro livro de Geoff Dyer que leio e encontrei-o por acaso. Na página 190, por duplo acaso: outra citação de Cioran*. No póquer, um par é apenas a oitava melhor mão possível. No resto, desconfio que ainda é menos. «E. M. Cioran diz que a toupeira cegamente escavando o seu túnel é ambiciosa, que «a vida é um estado de ambição », mas que, na compreensão habitual, a ambição tem sempre um objectivo qualquer para lá das satisfações que a tarefa proporciona: aclamação, reconhecimento, fama, dinheiro.» * A tradução do que não está entre aspas não é grande coisa; no original de Cioran e na versão francesa de Dyer não há gerúndio (é no que dá traduzir a partir do inglês). O advérbio é invenção de Dyer e, mais do que mudar o verbo, creio que se trata de uma  interpretação subtil — se fosse «às cegas» em vez de «cegamente», nem tinha notado.  A citação não existe no texto original publicado pela Harper's em abril de 2016.