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You hit me with a flower

Assim como os viciados em jogo podem solicitar ao Serviço de Regulação e Inspecção de Jogos a proibição de aceso às salas de jogos dos casinos, eu devia pedir — não sei a que serviço estatal —  a interdição às bibliotecas. No sábado fui devolver cinco livros para poder, enfim, ler os meus livros amontoados por todas as divisões da casa, mas não resisti a este e àquele e acabei por trazer mais livros e, sinceramente, já não sei o que fazer à minha vida.

Coisas que saem ao escrever

(...) o Manoel confessou um dia ter ficado intrigado com a afirmação de Fanny — a alma é um vício; isso não deixava de o inquietar, e por mais voltas que desse, e perguntas que fizesse, não conseguia obter um significado plausível! Um dia, perguntou mesmo a minha Mãe o significado de tal afirmação, mas a resposta foi simplesmente: não sei, foi coisa que me saiu ao escrever!
Como nos vícios, queremos sempre algo mais forte. Depois d’ O Idiota, avanço para Os Irmãos Karamázov. Sinto um formigueiro na cabeça.

Desenrolar uma linha

A maior parte das vezes não respeito as intenções. Ontem saí de casa a pensar n’ O sino de Iris Murdoch mas, ao passar pelas novidades da biblioteca, não resisti ao Henry James e a um livro que se chama “Pequenos fogos em todo o lado” de Celeste Ng. A capa reproduz uma fotografia aérea de uma zona de casas, árvores, ruas secundárias, grandes avenidas, urbanizada com esquadro e muitas regras e isso agradou-me, assim como os textos comerciais de abertura sobre Shaker Heights ( era uma cidade construída para carros e para pessoas que tinham carros ) e o apelido Ng da autora (lê-se “ing”). Deixei a Maisie em lugar visível para me provocar e avancei para os pequenos fogos. Logo desde o início, pareceu-me tudo muito previsível e regrado, isto é, apesar de Mia ou até por causa de Mia (a personagem que traz os desastres) o romance sofre um bocado do mal que pretende examinar. Agora estou a meio e percebo que o problema maior é que o livro, mesmo antes de ser adaptado à televisão, já utiliz...

Os vícios dos ricos

Manoel de Oliveira dizia muitas vezes que também os ricos têm alma. Lembro-me disso, não porque duvide do fundamento da existência, mas para equilibrar um pensamento menos polido de que me apercebo sempre que ando na linha 202: os ricos precisam de alguém que lhes limpe o cu.