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E de nós, o que faremos?

É nos transportes públicos que se vê melhor o quanto as mulheres portuguesas mudaram desde o 25 de abril. Vê-se na forma arejada como se vestem e falam umas com as outras ou com os homens; como andam de cabeça erguida; como sabem que ainda estão no princípio.  As mulheres das classes mais ricas ficam de fora do retrato porque não andam em transportes públicos. Como são conservadoras, suspeito que não mudaram assim tanto.

Uma palavrinha dos nossos patrocinadores

Uma nota no jornal: «Meio século depois da Revolução, ainda não há igualdade de oportunidades entre homens e mulheres. Este é o grande tema do aniversário do PÚBLICO, no ano em que se celebram os 50 anos de Abril. (...) A edição desse dia, quando fazemos 34 anos, tem como directora convidada Maria Teresa Horta.» E logo a seguir: «Com o apoio de BIG - Banco de Investimento Global.»

25 de abril

A CMTV desapareceu da grelha de canais cá em casa. Deve ser uma comemoração espontânea do 25 de abril. —— Voltei atrás para confirmar, Jerónimo de Sousa disse mesmo “salamizar” quando comentou o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa. Não encontrei a palavra no dicionário, mas apenas por distração dos lexicógrafos pois “salamizar” e “salamização” já têm um percurso histórico e materialista . —— Jerónimo de Sousa ofereceu-nos ainda uma definição do 25 de abril formidável: (não deixaremos de comemorar, celebrar, aquele que foi)  o acto mais moderno e avançado da nossa época contemporânea . —— A fotografia de José Sena Goulão . A bandeira é enorme e pesada, mas o olhar foge-me para o saco de plástico branco na mão esquerda.