Zinaida tinha necessidade de cada um dos seus admiradores. (...) Maidanov correspondia à inclinação poética da sua alma. Era um homem bastante frio, como muito escritores. À força de repetir-lhe que a adorava, acabou ele próprio por acreditar. Cantava-a em versos intermináveis, que lhe lia numa espécie de êxtase delirante, mas perfeitamente sincero. Zinaida compadecia-se destas ilusões, mas zombava dele, não o tomava a sério e, depois de lhe ouvir as suas expansões, pedia-lhe invariavelmente que recitasse Púchkin, "para arejar um pouco", dizia ela. Ivan Turguenev, O primeiro amor. Tradução de Mário Franco.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral