É o registo mais reduzido dos Cadernos : uma palavra de duas letras, um ponto de exclamação, um som sibilante. Sabendo como Cioran aprecia o laconismo e o assombro pré-verbal das interjeições [em junho de 1971 escreveu: Decidi reunir as reflexões dispersas nestes trinta e dois cadernos. Só daqui a dois ou três meses é que verei se podem dar origem a um livro (cujo título poderá ser «Interjeições» ou então «O Erro de Nascer»). ], atrevo-me a afirmar que este Fi! descreve de forma desconcertante mas profunda toda a sua obra. Como se trata de uma interjeição de irritação, tem imensas possibilidades de tradução e se nenhuma agradar também se pode inventar um som agreste que se ajuste aos modos exaltados do filósofo. Alguns exemplos: Se quiser encostar Cioran ao Pedro Costa e ao Rui Chafes (— e porque não? ficam tão bem os três abrigados na letra C ): Fora! — E está tudo dito. Também posso levar a interjeição para o lado dos russos (via Filipe e Nin...
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral