Milhões e milhões de euros, dólares, cuanzas. Mansões nos quatro cantos do mundo, iates, automóveis de luxo. Para a esmagadora maioria, tudo isto tem o mesmo peso de uma folha de jornal, lida de manhã cedo no metro, a caminho do trabalho. É tão concreto como uma história de fadas ou um policial, ou um episódio da novela da noite. Estamos fora desta escala, tal como os nossos pais e avós também estiveram. Não entendemos, apenas imaginamos entender. Por estes dias, não me sai da cabeça aquele longo plano de um dos grandes filmes de Dvortsevoy : o grupo de velhos a empurrar um vagão de comboio, durante horas, no meio da neve. E no interior do vagão, uma curta fornada de pão. Insuficiente para alimentar todos os habitantes da aldeia.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral