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Chaves

Nas últimas semanas, e por razões de trabalho, tenho lido artigos, capítulos e livros sobre Hamlet . Cada estudioso tem uma chave única para a compreensão da peça. Há mais chaves na Academia para desvendar os «segredos» do texto de Shakespeare do que em todos os chaveiros do mundo juntos.

Salutar lição

Leio um «velho» artigo de Vasco Graça Moura sobre as diferentes traduções de Hamlet para português. A mais curiosa é a do rei D. Luís , publicada em 1877. Dois exemplos, entre muitos. A fala de Marcelo «Há algo de podre no reino da Dinamarca» (Feijó) é vertido por «Algum vício há na constituição da Dinamarca». Outro: Acto I, Cena III. Ofélia diz ao irmão Laertes: «Guardarei o efeito desta boa lição como/ Vigia dos afectos.» (Feijó) O rei prefere: «Em meu coração encerrarei, como um preservativo, a tua salutar lição.»

Ter ou haver

HAMLET: Ter ou haver a podridão é essa. AGRIFONTE: Isto já é demais. (Vai ao município apanha o documento e volta) Hamlet, meu amigo, teu pai, o bom pai que te deu esta história, acaba de falecer incauto. HAMLET: (Extraviado, rindo com infinita amargura) Ah, ah, ah... Meu pai deu-me o conto. E que conto! J'en pense le plus de mal possible. O ESPECTRO DO PAI: (Aparecendo) Senhores, a comida está na mesa. Saem todos. A paisagem agora vazia lembra um daqueles envergonhados particípios que faziam a delícia dos nossos ancestres. Luís Buñuel, Hamlet - Tragédia cómica, Acto terceiro, Cena II. Tradução de Mário Cesariny.

O privilégio de compreender a vulgaridade de Shakespeare

Há várias referências a Hamlet e Shakespeare n’ O Príncipe Negro , as que me interessam mais são estas quatro:  Na página 141 (edição da Relógio d’Água), Julian e Bradley encontram-se por acaso na rua e acabam por falar outra vez sobre Hamlet. Digamos que é um divertimento provocador ao ar livre; uma ocasião propícia aos simbolismos (antecede a oferta das botas roxas a Julian); aquilo que mais tarde, no relatório policial, transforma-se num momento crucial para a acção, ou seja, a desgraça. A aula, propriamente dita, começa na página 170 e já dispõe de cadeiras, mesa e livros. Aqui Bradley supera-se (só não sei se é na própria altura em que tudo acontece ou depois quando descreve a situação):  «Porque Shakespeare conseguiu, através da pura meditação sobre o tema da sua própria identidade, criar uma nova linguagem, uma retórica especial da consciência…» (…) «O ser de Hamlet é feito de palavras, tal como o de Shakespeare.»  « Palavras, palavras, palavras .»  «Há alguma...