Já lá vai uma geração desde o colapso do Muro de Berlim. Nas décadas de 1960 e 1970, o capitalismo teve de se confrontar com o problema de como controlar e absorver as energias vindas do exterior. Hoje em dia, o capitalismo depara, aliás, com o problema oposto; tendo incorporado com demasiado sucesso a externalidade, como poderá funcionar sem um exterior que possa colonizar e do qual possa apropriar-se. (...) Veja-se, por exemplo, o estabelecimento de zonas culturais «alternativas» ou «independentes» estáveis, que repetem infindavelmente gestos mais antigos de rebelião e contestação como se pela primeira vez. «Alternativo» e «independente» não designam algo exterior à cultura dominante; ao invés, são estilos, os verdadeiros estilos principais, aliás, no seio da cultura dominante. Mark Fisher, Realismo Capitalista - Não haverá alternativa? Tradução de Vasco Gato.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral