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Mensagens

A mostrar mensagens com a etiqueta Mário Cesariny de Vasconcelos

Uma história de sentido ainda oculto

Uma das coisas bestiais dos mortos é que aparecem de imprevisto. O meu fim-de-semana foi inteiramente assombrado/iluminado por Cesariny. No sábado, Pedro Costa explicou que o título do filme sobre Danièle Huillet e Jean-Marie Straub começou com a longa cena do sorriso quântico de Silvestro, passou moto-contínuo para o segundo plano de Von heute auf morgen , e daí para o grafito no muro: Wo liegt euer Lächeln begraben ?! Mas a tradução literal para português tinha um ritmo pesado, então o Pedro pediu a alguém para pedir ao Cesariny um golpe de asa . E o jovem mágico das mãos de ouro decidiu muito depressa ( como se fosse de moto ) cortar uma palavra: Onde jaz o teu sorriso escondido ? Só isso. Outra vez a tal redução que intensifica, a elipse que ilumina, o suspiro que se transforma num romance. No domingo, na A3 a caminho de Famalicão, vi um cartaz verde com o nome de Cesariny. Tinha mais palavras escritas mas só li Cesariny, ali sobranceiro à auto-estrada, no meio das árvore...

Experiência

Junto à saída da casa de banho pública, instalaram um ecrã com a seguinte mensagem: «Avalie a sua experiência.» Há várias possibilidades de resposta, de péssima a excelente.  Ocorrem-me de imediato as histórias do Mário Cesariny sobre casas de banho públicas, lugares propícios para encontros breves. Experiências, essas sim. E sem aspas.

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Pimenta

O que há de mais impressionante em O Homem-Pykante - Diálogos Kom Pimenta é justamente a presença avassaladora de Alberto Pimenta. Se Pimenta se mexe um pouco para a direita, a imagem descai para a direita. Se Pimenta sai do plano, o filme desaparece. A força do poeta — as mãos, o rosto, os olhos e, acima de tudo, a voz — domina a tal ponto o filme que o trabalho de Edgar Pêra corre em segundo plano. Na verdade, tudo o que Pêra possa acrescentar e que não se foque na figura de Alberto Pimenta (os planos de pantomima na porta aberta para o rio, por exemplo) estará sempre a mais. O sujeito do filme é o filme. A sala de cinema transforma-se então numa casa de oração e nós em fiéis e crédulos adoradores de um estranho xamã. Não interessa se a história que Pimenta conta a seu respeito é ou não verdade. Estamos prontos a acreditar em tudo. Nesse sentido, Alberto Pimenta é o realizador do filme de Edgar Pêra. E é exactamente este equívoco autoral que faz do filme não uma simples homenagem ...