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François Bondy: Como é que conseguiu este apartamento no sexto andar, com esta vista magnífica sobre os telhados do Quartier Latin? Emil Cioran: Graças ao snobismo literário. Já há muito tempo que estava farto do meu quarto de hotel na rua Racine e pedi a uma agente imobiliária que me procurasse qualquer coisa, mas ela não me mostrou nada. Então enviei-lhe um livro que acabara de publicar, com uma dedicatória. Dois dias depois trouxe-me aqui, onde a renda — acredite ou não — é de cerca de cem francos, o que corresponde aos meus meios de subsistência. Com as dedicatórias de autor é assim. A sessão de autógrafos na Gallimard, sempre que um livro é publicado, é uma coisa que me aborrece e uma vez esqueci-me de assinar metade dos livros. Nunca tive tantas críticas más. É um rito e uma obrigação. Nem Beckett pode escapar a isso. Joyce nunca o conseguiu entender. Disseram-lhe que em Paris um crítico espera sempre uma carta de agradecimento do autor quando diz bem dele. Uma vez ele concor