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O negócio das flores

Só vou ver os filmes de Clint Eastwood ao cinema quando ele aparece. Gosto de observar de perto o seu rosto cada vez mais velho, parece aquelas rochas que o Ford filmava no deserto — um misto de desgaste e consolidação. “Correio de droga” (a tradução literal “mula” é melhor) tem ainda outros benefícios: flores, cantorias no carro, inconstância moral, ritmo muito sincopado (deve ser influência da música) e uma cena final extraordinária quando Earl Stone percebe finalmente o negócio das flores .

Morte

Uma das palavras mais pesquisadas do dia do priberam é peido-mestre. Substantivo e adjectivo unidos por hífen — espécie de palavra gémea que vive nas costas do último suspiro. Em si, isto não é relevante; o que acho estranho é — em tantos livros que já li, escritos em português ou traduzidos — nunca a ter encontrado. Enfim, perder a oportunidade de usar um termo tão tronante como um Deus grego parece-me uma grande falha da literatura contemporânea. No entanto, ainda com as imagens do último filme de Eastwood na cabeça, consigo ver Earl Stone (caramba, que nome porreiro e tão certo) de boné e óculos escuros no carro: a guiar com as duas mãos no volante, a olhar em frente, a murmurar qualquer coisa que não se percebe, a terminar a frase com a palavra “peido-mestre”( the last desperate fart ).