Em Design e Crime , Foster começa por um tema que nos remete para o universo acutilante e impiedoso de Karl Kraus (aliás, um dos protagonistas de Design e Crime ). Pensemos, pois, neste problema à maneira de Kraus: qual é a causa do amolecimento cerebral contemporâneo, e a quem serve? Foster, peremptório: é a transformação da ética de vida (Nietzsche, Foucault) num mero décor ; é o design global : aí cada indivíduo é, ao mesmo tempo, “designer” e “designed”. A manipulação pelo design é total: da casa (design de decoração) ao rosto (cirurgia plástica), da personalidade ( drugs design ) ao DNA ( children design ), de um candidato presidencial ganhador à Young British Art (nos livros-objectos de Bruce Mau, por exemplo), passando pela memória histórica ( museum design ), à arquitectura-espectáculo de Frank Gehry (“este designer de museus metálicos e salas de concerto curvilíneas,”) e à teoria-espectáculo de Rem Koolhaas (ver caps. III e IV) que não resistiria à realidade (o 11 de Setembro)
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral