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A mostrar mensagens com a etiqueta empresários de sucesso

Oh Lord, won't you buy me a Mercedes-Benz?

A compra do Mercedes-AMG One ( autêntico Fórmula 1 de estrada ) por mais de 3 milhões está em diversos jornais e televisões. As notícias  — uma mistura de informações técnicas e secretismo de pacotilha — foram redigidas pelo concessionário que mediou a aquisição e enviadas para as redações para fins publicitários dissimulados. O empresário do Norte que comprou o hiperdesportivo pediu anonimato.  Era interessante saber quais as empresas que lhe permitiram ganhos tão avultados e também que ordenados pagam aos trabalhadores. Esse é que é o território do jornalismo, desse jornalismo que está a ser morto e substituído por agências de comunicação liberais que acham que a riqueza dos empresários deve-se ao seu carácter empreendedor quando, na verdade, a maior parte das vezes deve-se a um subpagamento aos trabalhadores, logo a um roubo.

Bisogna trovare le parole giuste: le parole sono importanti!

Leio no jornal que Ana Gomes foi ilibada pelo Tribunal da Relação do Porto no caso em que chamou «escroque» ao empresário Mário Ferreira. Os excertos que o jornal cita do acórdão , redigido pelo juiz João Pedro Pereira Cardoso, são um tesouro da linguagem: No significado mais ecléctico do vocábulo ‘escroque’, acrescentar o sinónimo ‘desonesto’ ou ‘vigarista’ a um ‘criminoso fiscal’ não passa de uma redundância pejorativa intensificada. Não existe criminoso fiscal que não seja desonesto, pelo que a utilização interligada dos vocábulos não passa de uma crítica mais severa ou exagerada. [Ana Gomes considera que Mário Ferreira], na sua actividade empresarial, exibe um padrão de comportamento trapaceiro, de mentiras e embustes quanto ao cumprimento das suas obrigações fiscais — um comportamento, em suma, de escroque, vigarista ou desonesto.

Filosofia para os trabalhadores

Até acho fixe pagar a tal graduação , mas duvido do resto.  A cena da caixa é tão batida que já nem merece comentários.  «Ver coisas que outros ainda não viram» — ora bem, se conseguirem mesmo ver coisas inauditas, de certeza que isso não vai ser bom nem para a competitividade nem para os negócios. E a filosofia a servir de analgésico é uma ideia muito preguiçosa e estúpida.  O que espero (no fundo do fundo sou muito optimista) é que, concluída a pós-graduação, os trabalhadores se despeçam do grupo Dst com uma boa argumentação (a filosofia ensina a pensar e argumentar, não é?) — pelo menos assim não se perdia tudo.

Biodiversidade

Leio no jornal que doze empresários de grandes grupos mundiais, como a Unilever, a H&M ou o Rabobank, escreveram uma carta aberta onde acusam os governos de «não estarem a fazer o suficiente para preservar a biodiversidade». Terei lido bem? Talvez o jornalista se tenha enganado e o verbo não é «fazer», mas «pagar»: os governos não estão a pagar o suficiente aos empresários para estes preservarem a biodiversidade. Ou isto ou Jonathan Swift voltou do mundo dos mortos, vestiu um moderno e liberal fato de empresário e está a divertir-se, como sempre, à nossa custa.

Springlabyrinth

Tento acompanhar, através dos jornais, os detalhes do processo jurídico que envolve mais um «grande empresário» português. Faço um esforço para seguir as linhas com que se cose a corrupção ao mais alto nível, mas a minha atenção fica presa a um pormenor. Repare-se nos nomes das empresas por onde, neste caso, circulava o dinheiro: Vastos Limites , Springlabyrinth , Capital Criativo , Palpites e Teorias . Por um breve momento, os nomes funcionam como uma espécie de «alívio cómico». Mas só por um breve momento.