Assim como já pensei traduzir mauvais demiurge por um adjectivo diferente a cada investida, aumentando com este subterfúgio o alcance negativo do demiurgo, também arranjei um truque semelhante para contornar a frustração de não encontrar uma palavra portuguesa que faça justiça ao cafard francês. Basta juntar à nossa tristeza rasteira uma qualificação que a projecte mais para baixo — como se estivesse continuamente a cair num poço. A lista é infindável: negra, abismal, medonha, funesta, canalha, desgraçada, sinistra, fatal, cruel, lutuosa, sombria, soturna, malfadada, lúgubre, desditosa, inconstante, etc. As melhores duplas são as que podemos imaginar na letra de um fado antigo. Demiurgo ( 1 , 2 e 3 ) | Cafard ( 1 , 2 e 3 )
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral