Só me interessei realmente por Heidegger por volta de 1930 quando era estudante da Universidade de Bucareste. Sein und Zeit e especialmente Was ist Metaphysik foram os textos que me seduziram. Dois acontecimentos, um menor e o outro capital, refrearam o meu entusiasmo. Na época tinha publicado um artigo sobre Rodin num estilo mais ou menos heideggeriano que, com razão, exasperou um jornalista. A violência do seu ataque, que foi uma verdadeira execução, serviu-me de lição. Basta de palavreado ... genial! O segundo acontecimento foi a descoberta de Simmel, cuja clareza curou-me para sempre do jargão filosófico. A vontade de ser profundo, de fazer profundo, consiste em forçar a linguagem evitando a todo custo a expressão normal, a expressão inevitável. Nenhuma língua como o alemão favorece esse excesso, esse abuso. Obviamente, o génio de Heidegger é um génio verbal. A sua habilidade de sair de um impasse vem da facilidade em camuflá-lo usando todos os recursos da linguagem, inventando
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral