Uma das tílias centenárias da Lapa caiu com a ventania da semana passada. A praça está deserta, fria, cinzenta. Agora, não há nada a separar o quartel militar do cemitério. O caminho está livre.
Quando saí da biblioteca, sentei-me a apanhar sol e a ler as contracapas. A avenida das tílias parecia um corredor de um aeroporto: franceses, italianos, chineses, alemães, muitos espanhóis. Eu própria desempenhava um papel turístico: mulher local a ler ao sol .
As tílias da Lapa despem-se longa e demoradamente. Todos os dias, mais um pouco. O ar está carregado de electricidade e folhas amarelas. Na fachada da igreja, os santos de pedra, vestidos até ao pescoço, observam e guardam segredo. Vão arder por dentro até o Inverno chegar.