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Afinidades

Junto aos moralistas franceses do século XVIII — era aí que, em parte, Cioran sentia pertencer.  Por duas vezes, regista nos Cadernos que os espíritos de que se sente mais próximo são Job e Chamfort. Numa das formulações escreve mesmo:  sou um aluno de Job e Chamfort . Pela forma como estrutura o pensamento, pela delizadeza do seu francês, e principalmente por mais qualquer coisa que não se deixa definir, é uma afirmação verdadeira.  No entanto, se tivesse que descrever as suas afinidades com as minhas próprias palavras, correndo o risco de parecer que estava a apresentar um namorado recente, diria que Cioran está entre Bach e Francis Bacon (o pintor).

Uma mulher sob influência

Acordei com uma sensação física de perigo: a boca cheia de sangue. Impressão falsa. Voltei a adormecer, retomei à mesma cena. Vi o interior da minha boca num espelho; já não havia sangue, era uma estrutura enorme — parecia uma catedral destruída.  Não sei se os coleccionadores de arte conseguem a proeza de ter sonhos influenciados por Francis Bacon.

Juntos no matadouro

No dia 1 de dezembro de 1971, Cioran anota nos seus Cadernos:  Exposição Francis Bacon . Sinistra q.b. e esplêndida.   Não sei desde quando ele conhecia o trabalho do pintor, mas a verdade é que dez anos antes já dominava a sua técnica visual:  Entrar no sono como num matadouro. Emil Cioran, Cadernos 1957-1972 Francis Bacon, fotografado por John Deakin para a Vogue, em 1952.

Se o Marquês de Sade fosse jardineiro

Mas as flores que perfumam o ar de forma mais deliciosa, não como as outras quando passamos junto delas mas quando as calcamos e esmagamos, são três: a pimpinela, o tomilho-serpão e a hortelã. Devemos, pois, cultivar grandes canteiros destas flores, para as gozardes enquanto passeamos ou as calcamos. Francis Bacon, Dos jardins , 1625. Tradução de João Almeida e Maria Ramos.