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São horas de embriaguez

Leio no jornal que Vitor Escária tinha 75.800 euros «escondidos em livros e dentro de caixas de vinho», no seu gabinete, em pleno Palácio de São Bento.  Parece-me óbvio que o chefe de gabinete do primeiro-ministro é um leitor atento de Baudelaire e admirador da nossa edição  Embriagai-vos . Este é um dos perigos de ser um pequeno editor: inspirar o crime sem levantar suspeitas. Ninguém viu, ninguém leu.

Belisário Praxedes

Estava à procura de edições portuguesas de Gamiani ou Deux nuits d'excès , o romance erótico atribuído a Alfred de Musset. O sítio da Biblioteca Nacional levou-me à edição da Arcádia, de 1975: Gamiani ou Duas noites de prazer . O tradutor chama-se Belisário Praxedes. Um pseudónimo, certamente. Pesquiso outros livros traduzidos por Praxedes. Surgem mais três referências, todas elas de clássicos eróticos: Os onze mil vergalhos , de Apollinaire; e Fanny Hill e A vida secreta de um estudante , ambos de John Cleland. Consulto o dicionário. Belisário significa «aquele que perdeu a riqueza» e é um adjectivo que serve para designar uma pessoa «pobre», «que tem má sorte». Praxedes vem do grego praxiádes , cujo significado está relacionado com os verbos «praticar», «agir», «fazer» e «experimentar». Um tradutor cuja pobreza não o impede de fazer e praticar. Uma existência muito baudelairiana.

O espelho

Um homem medonho entra e olha-se ao espelho. «Porque é que o senhor se olha ao espelho já que só com desprazer se pode lá ver?» O homem medonho responde-me: «Senhor, segundo os imortais princípios de 89, todos os homens são iguais em direitos, logo tenho o direito de me mirar. Com prazer ou desprazer, isso só à minha consciência diz respeito.» Em nome do bom senso, eu estava sem dúvida certo. Mas do ponto de vista da lei, ele não deixava de ter razão. Charles Baudelaire, Embriagai-vos | Antologia de poemas em prosa de autores franceses. Tradução de Regina Guimarães. Em co-edição (FLOP) até 11 de Outubro. Para ser co-editor é só seguir o link.

As Janelas

O que se pode ver à luz do Sol é sempre menos interessante do que o que se passa por trás dum vidro. Nesse buraco negro ou luminoso vive a vida, sonha a vida, sofre a vida. Baudelaire, O Spleen de Paris . Tradução de António Pinheiro Guimarães.