Decidi reler os livros de Salinger. Ignorei a ordem cronológica e comecei pelo fim (quase fim , para ser exacta): uma edição antiga da Quetzal de "Carpinteiros, Levantai Alto o Pau de Fileira" (1955) e "Seymour (Uma Introdução)" (1959). Apesar da má tradução de Bertha Mendes, "Carpinteiros, Levantai Alto o Pau de Fileira" continua a ser um divertimento maravilhoso; parece uma peça musical de Satie com guarda-chuva aberto para dia de sol e chuva. A viagem de táxi que Buddy partilha com quatro convidados do casamento malogrado de Seymour tem um acentuado efeito ora excitante, ora calmante, e o tio do pai de Muriel surdo-mudo é uma personagem menor enorme. Mas a surpresa foi o segundo texto; já não me lembrava da trama (percebe-se porquê) e na altura não me dei conta da estrutura, melhor dizendo, da formidável falha da estrutura. Buddy Glass tem quarenta anos, é escritor e professor, vive bem no interior do bosque e na parte mais inacessível da montanh...