O JUIZ: (Irritado.) Vais-me responder ou não? Que mais roubaste? Onde? Quando? Como? Quanto? Porquê? Para quê? - Responde. (...) A LADRA: Peço perdão, mas já não me lembro. O CARRASCO: Arreio nela? O JUIZ: Ainda não. (Para A LADRA) Onde é que entraste? Diz-me, onde? Onde? Onde? Onde? Onde? Oonnn!... Oonnnn!... Oonnn!... A LADRA: (Aflita.) Já não sei, juro que já não sei. O CARRASCO: Arreio nela? Senhor Doutor Juiz, arreio nela? O JUIZ: (Para O CARRASCO e aproximando-se dele.) Ah! Ah! O teu prazer depende de mim. Gostas de dar porrada, hem? Dou-te razão, Carrasco! Magistral monte de carne, ganda chicha que uma decisão minha acciona! (Finge olhar para si mesmo na pessoa do CARRASCO.) Espelho que me glorifica! Imagem que posso tocar, amo-te. Nunca teria a força nem a perícia suficientes para deixar riscas de fogo nas costas dela. Aliás, que poderia eu fazer de tanta força e perícia? (Toca nele.) Estás aí? Estás aí, meu braço enorme, demasiado pesado para mim, demasiado grosso, demasia
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral