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A mostrar mensagens com a etiqueta Juizes

Ah, que lindo trio nós formamos!

O JUIZ: (Irritado.) Vais-me responder ou não? Que mais roubaste? Onde? Quando? Como? Quanto? Porquê? Para quê? - Responde. (...) A LADRA: Peço perdão, mas já não me lembro. O CARRASCO: Arreio nela? O JUIZ: Ainda não. (Para A LADRA) Onde é que entraste? Diz-me, onde? Onde? Onde? Onde? Onde? Oonnn!... Oonnnn!... Oonnn!... A LADRA: (Aflita.) Já não sei, juro que já não sei. O CARRASCO: Arreio nela? Senhor Doutor Juiz, arreio nela? O JUIZ:  (Para O CARRASCO e aproximando-se dele.) Ah! Ah! O teu prazer depende de mim. Gostas de dar porrada, hem? Dou-te razão, Carrasco! Magistral monte de carne, ganda chicha que uma decisão minha acciona! (Finge olhar para si mesmo na pessoa do CARRASCO.) Espelho que me glorifica! Imagem que posso tocar, amo-te. Nunca teria a força nem a perícia suficientes para deixar riscas de fogo nas costas dela. Aliás, que poderia eu fazer de tanta força e perícia? (Toca nele.) Estás aí? Estás aí, meu braço enorme, demasiado pesado para mim, demasiado grosso, demasia
Juiz: De modo geral, qual é a sua especialidade? Brodsky: Eu sou poeta. Poeta-tradutor. Juiz: Quem decidiu que o senhor era poeta? Quem o classificou entre os poetas? Brodsky: Ninguém. ( Sem qualquer desafio ) E quem me classificou no gênero humano? Juiz:  E o senhor estudou com tal objetivo? Brodsky: Qual objetivo? Juiz: De se tornar poeta. Não tentou fazer os estudos superiores para se preparar… para aprender… Brodsky: Eu não pensava que seria possível aprender isso. Juiz: Como se tornar poeta, então? Brodsky: Penso que… ( Desconcertado ) … é um dom de Deus… Juiz: O senhor deseja apresentar alguma demanda ao tribunal? Brodsky: Adoraria saber por que fui preso. ... Parte do processo de Joseph Brodsky, traduzido por Guilherme Gontijo Flores, para ler aqui .