Ainda sobre a cena dos “pensamentos duplos”, é aí que Keller diz duas das falas mais engraçadas do livro sobre maneiras : — Quais esmeraldas? Oh, príncipe, o senhor vê a vida ainda com tanta inocência e ingenuidade, vê a vida, pode até dizer-se, de maneira pastoril! — Impossível?! — exclamou Keller pesaroso. — Oh, príncipe, até que ponto o senhor continua a compreender uma pessoa, por assim dizer, à maneira Suíça! E utiliza sete vezes a palavra “lágrimas” no seu choradinho, chegando ao ponto de exclamar: (...) Deste modo, preparei a confissão como quem, por assim dizer, prepara uma “ fines-herbes de lágrimas” (...). Ora, com tantas maneiras bucólicas e lágrimas frequentes, como é que Cioran não havia de ler, reler, gostar dos livros de Dostoiévski?
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral