A certa altura, a câmara fixa-se no rosto de uma mulher de oitenta ou noventa anos. Um dos numerosos rostos que, como coros, aparecem no filme. A mulher diz: «Na vida, aguenta-se quase tudo. Se não houver carne, come-se pão com azeitonas. Mas o medo…» Acho que a memória não me trai. Acho que é isto que a antiga refugiada grega diz. Devia ver este filme todos os dias. Com a mesma naturalidade com que me levanto da cama e olho ao espelho de manhã.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral