— Trás-os-Montes é um documentário? — Não! Claro que não! Chamaram-lhe muito isso. O António não gostava nada. Um documentário para mim, na minha definição, é ficção o mais próxima da realidade que exista, mas “ficção” na cabeça de quem faz. Trás-os-Montes não! Muito daquilo é sonhado, muito daquilo não era verdade... Na altura mesmo! A ficção pura é isso, é juntar varias coisas. Tanto dá que tenha sentimentos humanos como não. É o juntar de formas. Isso é ficção pura. (...) — Algumas críticas apontam o Trás-os-Montes como um panfleto político? Vê o filme como tal? — Tudo é político! Não há nada que não seja político... Político quer dizer da cidade, da comunidade. E por isso [ Trás-os-Montes ] é político, claro. O filme não era uma brincadeira. Mostrava que há pessoas na extrema miséria. Mas que são belas, num país que pode ser muito belo. Nós tentamos dizer isso, não percebem? Entrevista de Pedro Branco a Margarida Martins Cordeiro realizada presencialmente ...