Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens com a etiqueta Metro

Amo-te Joana

Num painel informativo da estação de metro do Marquês, alguém escreveu: «Amo-te Joana Couto-S. Teu… Hugo.» Podem cortar as árvores dos jardins e derrubar todos os muros. Os livros podem acabar, a literatura desaparecer, o papel extinguir-se. Mas nunca acabarão as declarações apaixonadas por escrito, em locais públicos ou proibidos. Talvez esta seja a prova definitiva da nossa fé no poder da escrita. Mesmo quando o amor se apagar, restarão aquelas longas e perenes reticências.

Não te queixes

No metro, duas mulheres conversam sobre coisas mais ou menos triviais. A certa altura, a minha atenção emaranha-se no fio da conversa. Comentam os pormenores de uma qualquer aventura amorosa entre dois personagens que ambas conhecem. Fico interessado: — Eu avisei-o: se gostas dela vai à tua vida. — Pois, fez muito bem… — Mas depois não te queixes, disse-lhe eu. Podes voltar para casa, mas não te queixes. Mantive os olhos fixos no livro para parecer distraído. A conversa avançou com mais um ou outro pormenor sobre o caso. Percebi que falavam de um gato doméstico já perto da minha paragem.

Novo horário de Inverno

Na estação de metro dos Aliados, os painéis informativos lembram que o “novo horário de Inverno” entra em vigor amanhã, 8 de Setembro. No interior da estação, a vinte metros de profundidade, o ar é fresco. No exterior, o Verão ainda estala sob uns inclementes trinta e tal graus. A velha máquina do mundo já não domina o tempo. O pensamento avança veloz para o futuro. O corpo arrasta-se em sentido inverso.