Era um homenzinho cinzento. Herdara o tom directamente do pai. A mãe, pelo contrário, fora sempre de um admirável e resplandecente azul. Mas isso de pouco valeu a Thomas. A natureza tinha seguido o seu caminho. E o resultado foi que nunca o mundo conheceu um homenzinho mais cinzento. Os velhos escavavam na memória sem encontrarem ninguém parecido. Mudo como uma coluna. Impassível como uma igreja vazia. Um defunto andando, um sonâmbulo, um boneco mecânico, pequeno, apagado e sem qualquer atractivo. Nunca a sorte o surpreendeu, nunca o destino lhe preparou uma emboscada. Deixava-se ficar sentado nos cafés durante horas a observar as pessoas. Oh, todas elas tão brilhantes! Qualquer uma delas infinitamente mais brilhante do que ele. Depois, regressava a casa, estendia-se na cama, fechava os olhos e, muito simplesmente, adormecia. Nos seus sonhos, o tom continuava cinzento. Por vezes, sonhava que era capaz de assoar furiosamente o nariz e que com isso iluminava a noite. Mas de manhã tudo