Dois homens entram num bar. Grillparzer e Hebbel entram num bar. Um ser de ferro e uma serpente entram num bar. La Fontaine e uma doninha entram, de rompante, num bar. Um pavão e as ruínas do Castelo de Heidelberg entram num bar. Um autor famoso e um autor de que ninguém fala entram num bar. Um romance de Dostoiévski e uma tragédia grega entram num bar. Uma nuvem e um cavaleiro montado no seu garboso cavalo entram num bar. O orgulho sereno de Gluck e a bondade de coração de Haydn entram num bar. A rigidez e a insociabilidade nórdico-protestantes entram, de braço dado, num bar. Uma obra de arte e o sentido profundo da língua entram, completamente ébrios, num bar.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral