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Mensagens

O famoso conto de Bernd Alois Petanka

As lendas que rodeiam o famoso conto de Bernd Alois Petanka são bastante inofensivas. Helge Argüelles relata que a célebre cantora Malibran, ao lê-lo pela primeira vez, foi atacada por convulsões e teve de ser transportada para o quarto. Outra história diz-nos que um veterano da Velha Guarda de Napoleão, quando leu a primeira frase, se pôs de um pulo em pé e exclamou: “C’est l’Empereur!” Há ainda uma outra história curiosa segundo a qual o próprio Ivan Goncharov teria tentado uma vez “dançar” enquanto lia o texto em voz alta, acompanhado ao piano por Liszt. O único inconveniente destas histórias é o de nada relatarem de importante a propósito do famoso conto.

A Primavera na Rússia

Bees are important in Tolstoy. They inspire one of the most important similes in War and Peace , and also feature several times in Anna Karenina , often at crucial moments. (...) Having written a biography a few years ago, I knew that Tolstoy had developed a typically obsessive but short-lived passion for beekeeping in the 1860s. Rosamund Bartlett, On Translating Tolstoy .

Doenças terríveis

Ritmos, rimas, assonâncias, aliterações, paronomásias, anáforas, metonímias, catacreses, zeugmas, polissíndetos, onomatopeias, assíndetos, silepses e outras doenças terríveis. (Pausa para fungar e olhar pomposamente para o leitor.) Não admira que a maioria dos grandes poetas morra cedo.

Dois poetas sentam-se a uma mesa de café

Dois poetas sentam-se a uma mesa de café. Um de mãos nos bolsos, o outro segurando um saco de supermercado. Quando as palavras começam a cair do tecto, o primeiro recolhe as que lhe interessam, abrindo simplesmente a boca. O segundo é como um cego, não distingue nada, e lança-se furiosamente ao ar, ora agitando o saco, ora gritando como um desalmado, na esperança de apanhar algumas palavras com valor. Estão a ver o que eu quero dizer? Estão a ver como isto vai acabar?
Medo (da morte) não. Nem gosto de dizer essas coisas, porque não gosto de contar valentia por antecipação. Pode ser que, na hora, eu até me apavore. Mas não tenho medo. Só tenho medo de morrer sem terminar um livro que eu esteja escrevendo. Ariano Suassuna, em entrevista ao "Globo", 4 de Agosto de 2013.
Hemingway.

Desmayo

Aqui.

Praestantia Prestantia

Há um pequeníssimo ponto, do tamanho de uma cabeça de alfinete, situado na parte posterior do lóbulo da orelha, no verso – se assim se pode dizer – do antítrago, a que os médicos e anatomistas nunca dedicaram especial atenção. Portanto, como ninguém identificou ainda esta zona, se me for permitido atribuir nomes às coisas descobertas por mim, que seja chamada “ponto de sua excelência” ou “ponto de monsenhor”. Praestantia Prestantia , na nomenclatura anatómica.

Dois passageiros numa carruagem de comboio

Numa carruagem de comboio, viajam dois passageiros. Um deles não tem um braço. É maneta, portanto. Quer dizer, é aleijado. Defeituoso, tolhido. Privado da harmoniosa proporção, obra enganadora da natureza, erro de formação. Imagino como lhe será difícil andar de bicicleta. Não é impossível, mas é difícil. Como terá ele perdido o braço? Presumo que por uma série de desafortunadas circunstâncias. Vitima de uma tragédia terrível numa noite escura. Salvo talvez da morte por um milagre. Podia entregar-me agora a mil reflexões penosas sobre as mil maneiras de perder um membro, mas não quero alongar-me neste ponto. A respeito de tais assuntos, o mais seguro é sempre não dizer nada. Há outro tópico importante que talvez mereça mais atenção. O tópico é este: onde estará o braço neste momento? O que andará a tramar? Um braço sozinho, sem ninguém a vigiar. Um descalabro. Só de pensar nisso sinto-me doente. Imaginem-no, a pavonear-se nas ruas, nos cafés, nas esplanadas, a saltar daqui para acolá