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Organizar o pessimismo

Na própria época - de 1933 a 1940 - em que Walter Benjamin evocava essa possibilidade de «organizar o pessimismo» mediante o recurso a certas imagens ou configurações de pensamento alternativas, a vida quotidiana certamente não o poupava a preocupações. Será que conseguimos imaginar o que era a vida desse judeu alemão «sem recursos», em fuga permanente ante o cerco que se fechava à sua volta? A impressão de Agamben sobre a destruição da experiência da nossa vida quotiana, alegadamente mais «insuportável» do que «em momento algum do passado», deverá, pois, ser ponderada a partir deste contraste. Um contraste ainda mais evidente na medida em que Benjamin soube «organizar o seu pessimismo» com a graça dos pirilampos, procurando, por exemplo, entre o teatro épico de Bertolt Brecht e a deriva urbana dos poetas surrealistas, entre a Biblioteca Nacional e a Passagem dos Panoramas, esse «espaço de imagens» capaz de contradizer a polícia - as terríveis coações - da sua vida. A cotação da exper

Resistência

Certa vez, quando lhe perguntaram se, enquanto artista de esquerda, tinha nostalgia dos tempos brechtianos ou da literatura «engagée» à francesa, Pasolini respondeu nos seguintes termos: «De modo nenhum. Tenho simplesmente a nostalgia da gente pobre e verdadeira, que lutava para derrubar o patrão, mas sem querer com isso tomar o seu lugar.» Um modo anarquista, dir-se-ia, de separar a resistência política de uma simples organização de partido. Georges Didi-Huberman, Sobrevivência dos Pirilampos . Tradução Rui Pires Cabral.