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A mostrar mensagens com a etiqueta Ursula K. Le Guin

E continua

Na página 47:  «Natalie procurava o seu caminho nessa linha de pensamento: arrancar a música da dependência da máquina — mas por máquina ela também entendia a grande orquestra sinfónica e a produção de grandiosas óperas. Mas não pretendia o retorno ao «simplismo» — o cantor popular com banjo e pretensa voz de Kentucky; afirmava que a complexidade é essencial na grande arte, mas que essa complexidade deveria estar na música e não nos meios de a produzir. Disse-lhe que isso me lembrava Einstein, que fez tudo com um lápis e algumas folhas de papel e a sua cabeça, em vez de usar um ciclotrão de cinquenta milhões de dólares; os ciclotrões são muito rigorosos, mas, basicamente, Einstein era ainda mais rigoroso e muito mais barato. Ela gostou da ideia.»

Aproximar as coisas que nunca foram aproximadas

A maior parte das coisas interessantes que leio sobre cinema não foram escritas intencionalmente sobre cinema. Na página 26 de   Tão Longe de Sítio Nenhum , de Ursula K. Le Guin, apanhei um parágrafo que se aplica aos meus filmes preferidos e, mais adiante, uma óptima descrição do trabalho de Godard: De facto, pode dizer-se que a música é um outro modo de pensar, ou talvez pensar seja uma outra forma de música .

Um passeio na floresta

[Uma das razões para gostar tanto de Eu sou uma rapariga sem história , é o seu carácter multidirecional, quer dizer, é um livro inteligente mas também interventivo (muito) e brincalhão (muitíssimo) que não se deixa agarrar facilmente. Por exemplo, queremos guardá-lo na secção de ensaios de teoria literária onde, tirando a aranha que faz a sua teia, não se passa quase nada, mas volvidas umas páginas, já ele se pirou e temos de correr para o agarrar e já estão —  Alice Zeniter e as numerosas personagens que a acompanham nesta excursão — no palco ou na floresta. Et la voilà, la forêt :] Quando avanço entre os arbustos carregados de bagas, os troncos brilhantes de chuva, volto a pensar nas narrativas de colheita e na ficção-cesta de que Ursula Le Guin falava. Quase tenho a sensação de poder escutar os seus passos atrás dos meus nas pequenas veredas que descem em direcção ao mar. Faz-me bem que ela ali esteja. Porque já não posso com narrativas de caçadores, narrativas de homens notáve...

Uma vida boa (tão longe)

A FICÇÃO COMO CESTA: UMA TEORIA e outros textos, de Ursula K. Le Guin. Tradução de Sofia Gonçalves. Dois Dias edições.

Influenciadores do século XX

Introducing Myself

A mulher e o seu saco

«Uma das características das mulheres é andarem sempre com sacos. Cada saco corresponde a um nível de acção específico. Na bolsa, trazem os documentos, o telemóvel quando não está nas mãos, lenços de papel, um livro, chocolates, ganchos, elásticos, uma chupeta, e mais alguns objectos estranhos. A mochila é para transportar o computador portátil. Um saco grande desportivo para as idas aos ginásios. A bolsa térmica com o almoço. Sacos com coisas que vão comprando de manhã e à hora do almoço para levar para casa ou para as casas das senhoras doutoras onde trabalham.» Há um ano, quando escrevi estas notas, achava que os sacos mostravam a posição social (quanto maiores, quantos mais sacos, menos dinheiro?) — um pouco à semelhança da roupa.  Depois de ler o texto de Ursula K. Le Guin , percebi que os sacos tem outro poder: contam histórias. Histórias que ninguém escreve.