«Conta-se que Jean Gabin exigia antes de assinar um contrato para fazer um filme que o argumento contivesse uma cena em que ele se encolerizasse e matasse alguém. A história é provavelmente falsa, mas merece ser verdadeira. Não seria um capricho de vedeta, mas a consciência do seu personagem. Seja qual for o argumento do filme, Gabin não pode ter um destino que não seja o seu. Se fosse necessária uma prova suplementar do destino excepcional de Gabin, bastaria notar que ele é talvez o único ator do mundo diante do qual o público espera que a história acabe mal. Por conseguinte, Gabin tinha razão em exigir o ataque de fúria homicida, pois este constitui o momento significativo de um destino imutável, no qual o espectador reconhece, de filme em filme, o mesmo herói de uma Tebas suburbana e operária.» André Bazin, citado por Antonio Rodrigues.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral