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A Máquina Hamlet

Leio no estudo de Miguel Ramalhete Gomes que a ideia original de Heiner Müller era escrever uma peça longa, com cerca de 200 páginas. Ficou reduzida a 9 (um pouco mais, na paginação dos Livrinhos do Teatro). Müller arrancou do texto a pele, a carne, a gordura, tudo. Não sobrou sequer o osso, mas apenas a substância escura que existe no seu interior e que brilha como um sol devastador.

Por sua conta e risco

Miguel Ramalhete Gomes, no artigo  Censura e obsolescência : «A história da relação entre Heiner Müller e a censura na antiga República Democrática Alemã é complexa e não sem uma série de momentos inesperados. Curiosamente apenas poucas peças terão sido objeto de uma censura explícita que durou até à queda do Muro: mais notoriamente Mauser , mas também O Horácio , Cimento , Germânia Morte em Berlim , e A Máquina Hamlet . A partir de finais da década de 1960, repetia-se frequentemente o seguinte procedimento: um teatro propunha-se encenar uma peça nova de Müller, ou de outro dramaturgo, e, como era costume, enviava o texto para ser aprovado pelo Ministério da Cultura; o responsável, por vezes o próprio ministro da cultura, chamava então o diretor do teatro, comunicava-lhe as suas apreensões e dizia-lhe que poderia encenar a peça por sua conta e risco. Este encorajamento à autocensura tendia a resultar, exceto em casos excecionais. A partir da década de 1970, à medida que Müller come...

Ler é um luxo

Sylvère Lotringer: Você também salta passagens quando lê os mitos ou as tragédias gregas?  Heiner Müller: Sim, mas li‑os quando era muito jovem. Hanns Eisler disse um dia que Brecht nunca lera O Capital , mas que era sempre capaz de encontrar a frase que lhe era útil. É uma questão de tempo – tempo para viver. Não me resta muito tempo para fazer as coisas que quero fazer. SL: Ler é um luxo. HM: Sim, um luxo enorme. Devorar os textos é mais rápido. Entrevista com Heiner Müller (1988). Disponível aqui.