Quando vi Le Livre d’image pela primeira vez (2018), achei-o um bocado distante, duro e fugidio; um objecto exigente que se dirigia apenas à cabeça. Na altura não soube, ou não quis, interpretar essa impressão. Mas a exposição do Fabrice Aragno no Palácio Sinel de Cordes (2023) emocionou-me tanto que fiquei baralhada. Ontem percebi o conflito: o filme de Godard é um pensamento em acção que passa a grande velocidade — um comboio-bala que não conseguimos acompanhar, que nos olha do futuro (qual distância brechtiana, qual quê!) A exposição Éloge de l’image – Le Livre d’image , pelo contrário, era uma espécie de acampamento onde nos podíamos sentar e chorar como Mouchette.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral