Num dos textos que escreveu para o Curso de Crítica de Cinema do Batalha , Inês Sapeta Dias fala de programação como se fosse (também) um tipo de montagem que manobra, não ao nível dos planos e das sequências, mas na justaposição de filmes — uma espécie de movimento macroscópico. Apesar de exterior, trata-se de um gesto extremamente poderoso que qualquer um (?) pode fazer desde que se afaste um pouco (quem explica bem este grau de medida incerto-mas-importantíssimo é Agamben). Mesmo quando se trata de uma carta aberta para enquadramento das suas próprias obras, os cineastas agem como alguém que vê de fora, como um programador que acredita que é possível estabelecer diálogo entre trabalhos diversos e que esse diálogo pode alterar o modo como daí para a frente passamos a ver esses filmes e que isso também é cinema. Inês refere que passou a pensar nos filmes de Jean-Claude Rousseau de outra forma depois de os ter visto ao lado d' O Anjo Exterminador : apesar de nos darmos con
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral