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A palavra não é fiável

«Hamlet vive na teia da palavra. A sua indecisão, tantas vezes mal compreendida como uma fraqueza, é antes um sintoma da sua hiperconsciência da linguagem e do poder que ela tem de deformar a realidade. No universo da peça, a palavra não é fiável: esconde tanto quanto revela, desdobra-se em significados duplos, em equívocos, em escapatórias. O próprio Hamlet sabe que não pode confiar no discurso dos outros e, talvez por isso, fale tanto, como se a proliferação verbal fosse um modo de se armar contra a dissolução do sentido.»

Ivone Mendes da Silva, Manual de Leitura: Hamlet.

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