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ZOV #2

Rui Manuel Amaral é um escritor cheio de dúvidas e isso é uma sorte. Só alguém assim, tão ferido na fé literária, consegue escrever histórias que ainda nos atiram ao chão. A numero dezoito (páginas 91 e 92) é exemplar: parece um andaime precário em redor de um edifício destruído há muito, tomado pelas heras.  Beckett e Cioran passaram uma noite a discutir a tradução da palavra lessness para francês. Não conseguiram. É uma tarefa impossível. Pois bem, este pequeno texto de Rui é a representação desse substantivo que nos foge. Começa com uma sombra e acaba num esgar de riso amargo. O narrador começa por lançar os dados, mas os dados fogem; começa a urdir uma trama, mas a trama desfaz-se. Ele é teimoso, continua uma e outra vez, sem receio, sem sair do sítio. Vacilar é a arte dos juncos e ele faz-se junco e ventania. No fim, chega ao vazio total. É onde estamos todos.  DEZOITO Uma sombra veloz atravessa a cena. Não, não apenas uma sombre, obviamente. Um homem e a sua sombra at...