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Mensagens

A mostrar mensagens de novembro, 2014

Três irmãos

O gajo era irmão do manuel jorge veloso, do jazz, e doutro gajo que é um barra em matemática, eduardo veloso, ex-compincha do Nuno Crato (já não é desde que este é ministro).   Os amigos chamavam o batuta ao mjv, o batata ao sousa veloso e o batota ao eduardo veloso.

As surpreendentes aventuras do Barão de Munchausen

Se a mentira é mesmo o tempero da verdade, como diz o provérbio, o Barão de Munchausen pode ser considerado um chef. Isto porque as histórias que ele contava nos jantares em sua casa, da carreira como militar, eram carregadas de incríveis façanhas e muita ficção. Não poderia ser diferente. Afinal, o alemão Hieronymus Carl Friedrich von Münchhausen (1720-1797) havia participado de duas guerras e, como oficial do Exército, viajara pelo mundo. No caminho, ele carregou um canhão no ombro; cavalgou, submerso, por mares; e ainda viajou até a Lua, em busca de uma querida machadinha, arremessada ao alto pelo próprio (…). Aqui.

Uma pessoa esquisita

Falando fria e cruamente, Nikolai Jurowski tornou-se uma pessoa esquisita. Muito esquisita. Uma pessoa muito, muito esquisita. Um dia começou a ler e nunca mais parou. Volume após volume, um livro a seguir ao outro, milhares e milhares de páginas. Não porque gostasse excessivamente de ler, mas porque acreditava que se levantasse a cabeça e desviasse os olhos das palavras morreria de imediato. Assim, pregado aos livros, manhãs, tardes, noites, imóvel, rosto sem brilho como uma parede branca, sempre em suores e com os cabelos em pé, Nikolai lia, lia, lia tudo sofregamente para escapar ao triste fim que ele imaginava estar-lhe destinado. Era penoso ver um homem com quase dois metros e um nariz enorme devorando página atrás de página para salvar a vida. Ele que impressionara os seus rivais com cintilantes demonstrações de ciência. Ele que enfrentara a úlcera de estômago chupando simples pastilhas digestivas. Ele que vira as mais belas noites de Outono, com as suas nuvens fugidias. O mais...

Próximo sábado, 22 de Novembro, em Lisboa

Mais informações sobre "Notícias em três linhas", de Félix Fénéon, e a Colecção Avesso, aqui .
A propósito de formatos [de livros], na minha livraria uma vez um jovem que tinha investido em download de obras da literatura em primeira edição veio com uma pen na mão perguntar-me: - Tenho aqui 450 primeiras edições, algumas das mais importantes obras internacionais. Quanto oferece? Eu: - só compro livros com lombada. Ele não entendeu. Miguel de Carvalho, livreiro de Coimbra, num comentário no facebook.

Meu caro Max

O que dizemos sobre o pedido que Kafka fez a Brod antes de morrer? “Meu caro Max, meu último pedido: tudo que eu deixo para trás […] deve ser queimado sem ser lido”. A vontade-testamento de Kafka é uma mensagem enviada, com certeza, mas ela não se torna a vontade-testamento de Brod; na verdade, a vontade-testamento de Brod, figurativa e literalmente, obedece e recusa a vontade-testamento de Kafka. Curiosamente, Kafka não pede de volta seus escritos para que ele os possa destruir pessoalmente. Pelo contrário, ele deixa Brod com a charada. Sua carta para Brod é uma maneira de lhe dar todos os trabalhos e pedir que ele seja o responsável por sua destruição. Há um paradoxo intransponível aqui, já que a carta torna-se parte dos escritos e assim parte do próprio corpus ou da obra, como muitas das cartas que Kafka havia preservado meticulosamente através dos anos. E ainda assim, a carta pede que os escritos sejam destruídos, o que logicamente envolve a nulificação da própria carta e, assim, ...

Três minutos

Todas as noites, Dadaíve Kander – sim, esse mesmo – observava a lua a percorrer o céu. Era um hábito do qual não abdicava, nem por todo o ouro do mundo. - Não consigo adormecer sem antes observar a lua a percorrer o céu. É um hábito do qual não abdico nem por todo o ouro do mundo – dizia. Uma noite, a lua não apareceu e não percorreu o céu. Dadaíve Kander coçou a cabeça durante mais ou menos três minutos. Depois encolheu os ombros e adormeceu.

O Fénéon é uma festa

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Chuva

Depois vieram os maus dias, a neve, os grandes frios. Instalaram-se na cozinha e faziam entrançados de canas; ou então andavam pelos quartos, conversavam ao canto da lareira, contemplavam a chuva que caía. Flaubert, Bouvard  e Pécuchet . Tradução de Pedro Tamen.