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Weininger

Carta para Jacques Le Rider  Paris, 16 de Dezembro de 1982  Ao ler o seu livro sobre o meu antigo e distante ídolo, não pude deixar de pensar no acontecimento que foi para mim a leitura de Geschlecht und Charakter . Estávamos em 1928, eu tinha dezassete anos e, ávido de todas as formas de excesso e heresia, gostava de tirar as últimas consequências de uma ideia, levar o rigor até à aberração, até à provocação, conferir ao furor a dignidade de um sistema. Por outras palavras, apaixonava-me por tudo, excepto pela nuance. O que me fascinava em Weininger era o exagero vertiginoso, o infinito na negação, a recusa de bom senso, a intransigência mortal, a busca de uma posição absoluta, a mania de levar um raciocínio até ao ponto onde ele se destrói a si mesmo e arruína o edifício de que faz parte. Acrescente-se a isso a obsessão pelo criminoso e pelo epiléptico (especialmente em Über die letzten Dinge ), o culto da fórmula genial e da excomunhão arbitrária, a assimilação da mulher ao...