As personagens de Nelson Rodrigues riem quando choram, e choram quando riem. Os moralistas não têm moral, os beatos e as beatas não são santos nem santas, os castos estão «roucos de desejo», os pulhas não são «canalhas integrais», os poderosos (pequenos ou grandes) não são inocentes e os criminosos têm uma certa candura. O que os une é o medo. O grande medo, o medo da morte: fonte da vida, íntimo combustível para a imaginação e o prazer.
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral