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Cioran a le cafard. Toujours.

Timon: Hé regarde il a le cafard ! 
Pumbaa: Mais y a pas de cafard dans le désert.

Há palavras francesas muito importantes para compreender os pensamentos de Cioran, são uma espécie de didascálias: instruções dadas pelos poetas aos actores — precisamente.

Dégoût é uma delas; não tanto na tradução literal desgosto, que em português é demasiado passiva, mas nos termos mais exuberantes e teatrais: repugnância, aversão ou nojo.

Em primeiro lugar, porém, sem qualquer dúvida, está cafard. Com todos os sentidos que a palavra foi ganhando e perdendo ao longo dos anos: a influência árabe kafir para descrever uma pessoa descrente ou um renegado, a obscuridade atribuída por Baudelaire (um dos poetas de Cioran) e, acima de tudo, o seu carácter boémio de vão de escada (condição essencial).

Se há palavra que condensa tudo o que Cioran escreveu, essa palavra é cafard.

E, ao contrário do que diz o tradutor francês do “Rei Leão”, também há baratas no deserto.

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