Sempre acontecem coisas muito surpreendentes neste mundo. Coisas tão estranhas e inexplicáveis que (...). Mas talvez não sejam assim tão estranhas. Em abono disso poderia citar Aristófanes, Horácio, Luciano de Samósata, e alguns mais. Tudo isto vem também explicado num livro que o leitor bem conhece e que me dispensará portanto de lembrar. Um livro, de resto, com grande abundância de suspiros e ais, como convém a tudo o que brota da literatura séria, solene e (…).
Vou descrever os factos na sua simplicidade, deixando ao leitor o encargo de formular um juízo. Pois muito bem, fosse porque (…) ou por qualquer outro motivo, o certo é que (…). Ninguém sabe de quem partiu a ideia. Eu estou convencido de que partiu dele. Mas (e é um mas muito importante) talvez seja apenas a minha imaginação (…). Ela não disse nada. Trincou o lábio inferior e deixou as coisas neste ponto. (…) A noite ia amadurecendo, cheia de segredos.
Quando ele voltou para casa, o sangue corria-lhe em tumulto por baixo da pele (…). Assim permaneceu estendido, de olhos fitos no tecto, tentando o melhor que podia pôr certa ordem nos pensamentos. (…) Horas que duraram séculos. (…) Até que deslizou inconscientemente para esse vazio misterioso a que os homens chamam sono.
Na noite seguinte, ela quis que ele lhe dissesse o que era preciso fazer para se ser feliz. Os seus olhos e os seus dentes brilhavam (...). Ele deu-lhe a mais surpreendente das respostas: (…) e dizendo isto, esvaziou o copo inteiro. Ora, sendo ela muito dada a silêncios sentimentais, levantou-se e afastou a emoção fungando e (…). Teve mesmo assim a arte, o engenho, o… sei lá o quê, de negar (…). Ele ficou à procura de palavras para replicar mas elas, como sempre, não vieram. Toda a retórica de que era capaz murchou-lhe rapidamente na boca (…). Razão pela qual afirmo e reafirmo que (…).
Quanto aos peixes, dormiam todos no fundo dos lagos.
Publicado na página "Cronistas do Bairro, no Porto 24.
Vou descrever os factos na sua simplicidade, deixando ao leitor o encargo de formular um juízo. Pois muito bem, fosse porque (…) ou por qualquer outro motivo, o certo é que (…). Ninguém sabe de quem partiu a ideia. Eu estou convencido de que partiu dele. Mas (e é um mas muito importante) talvez seja apenas a minha imaginação (…). Ela não disse nada. Trincou o lábio inferior e deixou as coisas neste ponto. (…) A noite ia amadurecendo, cheia de segredos.
Quando ele voltou para casa, o sangue corria-lhe em tumulto por baixo da pele (…). Assim permaneceu estendido, de olhos fitos no tecto, tentando o melhor que podia pôr certa ordem nos pensamentos. (…) Horas que duraram séculos. (…) Até que deslizou inconscientemente para esse vazio misterioso a que os homens chamam sono.
Na noite seguinte, ela quis que ele lhe dissesse o que era preciso fazer para se ser feliz. Os seus olhos e os seus dentes brilhavam (...). Ele deu-lhe a mais surpreendente das respostas: (…) e dizendo isto, esvaziou o copo inteiro. Ora, sendo ela muito dada a silêncios sentimentais, levantou-se e afastou a emoção fungando e (…). Teve mesmo assim a arte, o engenho, o… sei lá o quê, de negar (…). Ele ficou à procura de palavras para replicar mas elas, como sempre, não vieram. Toda a retórica de que era capaz murchou-lhe rapidamente na boca (…). Razão pela qual afirmo e reafirmo que (…).
Quanto aos peixes, dormiam todos no fundo dos lagos.
Publicado na página "Cronistas do Bairro, no Porto 24.
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