Mais do que os outros, os romancistas ingleses cultivaram o romance da high life, e os franceses que, como Custine, quiseram escrever em especial romances de amor, tiveram primeiro o cuidado, e muito judiciosamente, de dotar os seus personagens de fortunas suficientemente grandes para pagarem sem dificuldade todas as suas fantasias; além disso, dispensaram-nos de qualquer profissão. Estes seres não têm outro estado senão cultivarem a ideia do belo na sua pessoa, satisfazerem as suas paixões, sentirem e pensarem. Possuem assim, ao seu dispor e em larga medida, tempo e dinheiro, sem os quais a fantasia, reduzida ao estado de divagação passageira, não pode de modo algum traduzir-se em acção.
Charles Baudelaire, O pintor da vida moderna. Tradução de Adolfo Casais Monteiro.
Charles Baudelaire, O pintor da vida moderna. Tradução de Adolfo Casais Monteiro.
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