Um homem acorda a meio da noite. Senta-se na beira da cama, coça as costas, resmunga qualquer coisa, tacteia o chão com os pés à procura das pantufas. Encontra as pantufas ao fim de sete segundos, mais coisa menos coisa, ajeita-as com a pontinha dos dedos e calça-as. Dirige-se à porta e, de repente, perde-se na escuridão do quarto. De vista curta e sem os óculos, começa a caminhar sem distinguir coisa alguma. Avança durante longos minutos, incapaz de encontrar o caminho. É como se levasse um tempo incomensurável a atravessar o quarto.
“Estranho”, pensa modestamente. Há várias horas que caminha no escuro, tentando descobrir uma saída ou o sentido oculto de tudo aquilo. Não consegue vislumbrar nada além da profunda treva à sua volta. O cansaço obriga-o a abrandar o passo. Exausto, descalça as pantufas, deita-se no chão e tenta adormecer rapidamente para que a noite passe depressa. Os nervos, no entanto, mantêm-no acordado. Fecha as pálpebras com mais força; o sono não vem. Ergue-se de novo e retoma o caminho. Tem pressa de chegar ao fim. Mas que fim? O homem tem a sensação de ser um rato apanhado na ratoeira. Sem saída, sem salvação.
Ao fim da noite, já muito, muito próximo da manhã, tropeça nas próprias pantufas e bate em cheio na mesa de cabeceira: a cabeça aberta, sem sentidos. Incomoda-me um pouco ter de escrever isto. Mas compete-me, como narrador, o triste dever de transmitir as mais sentidas condolências à família.
“Estranho”, pensa modestamente. Há várias horas que caminha no escuro, tentando descobrir uma saída ou o sentido oculto de tudo aquilo. Não consegue vislumbrar nada além da profunda treva à sua volta. O cansaço obriga-o a abrandar o passo. Exausto, descalça as pantufas, deita-se no chão e tenta adormecer rapidamente para que a noite passe depressa. Os nervos, no entanto, mantêm-no acordado. Fecha as pálpebras com mais força; o sono não vem. Ergue-se de novo e retoma o caminho. Tem pressa de chegar ao fim. Mas que fim? O homem tem a sensação de ser um rato apanhado na ratoeira. Sem saída, sem salvação.
Ao fim da noite, já muito, muito próximo da manhã, tropeça nas próprias pantufas e bate em cheio na mesa de cabeceira: a cabeça aberta, sem sentidos. Incomoda-me um pouco ter de escrever isto. Mas compete-me, como narrador, o triste dever de transmitir as mais sentidas condolências à família.
Comentários
Lamento!
Nada como dormir sempre com uma luz de presença.(como eu faço)