Delia, solteira, sem filhos. No dia do seu 45º aniversário, Amalia aparece morta na praia. Delia regressa a Nápoles para o enterro da mãe e para ajustar contas com os fantasmas do passado. Talvez por ser desenhadora, anda de um lado para o outro, a pé, de autocarro, de elevador, como numa tela de Chagall. Ferrante enche as páginas de cores, movimentos acrobáticos, sons, cheiros, lágrimas -- às vezes é difícil aguentar a leitura pois é tudo demasiado sensorial, como se a violência, até aí mantida em segredo, se materializasse em ruídos e borrões. A história de Olga é a maior e a mais claustrofóbica. Olga tem 38 anos, dois filhos pequenos. Quando o marido a abandona, perde o chão, perde a ligação às pessoas e às coisas, cai numa abstração um bocado idiota. Um dia fica trancada em casa com o filho doente e o cão moribundo; é verão, a cidade e o prédio estão desertos, os telefones não funcionam, as formigas invadem o apartamento, tudo se fecha em seu redor. Consciente da queda e do peri