O morto mais célebre de “Lançamento” é Portugal. O país vai desaparecendo em vários poemas, numa longa morte lenta, e em “Jaime e José” é já um “corpo exangue caolho”. No poema, Portugal é um peixe, um bicho escorregadio, que se evadiu do mapa, abandonou a água, “respira com dificuldade” em terra, debaixo de um sol abrasador. “O que havemos de fazer com este peixe?” Em certos momentos, porém, pela força de fenómenos pouco óbvios, “o país é mais que peixe”: “quando se juntam pessoas há sempre alguma coisa acontece”. Será suficiente para conseguirmos recuperar o fôlego e voltarmos a ter pé?
de Cristina Fernandes e Rui Manuel Amaral
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