“O teatro está em crise.” Aparentemente, foi o cinema que desferiu o primeiro golpe. Depois apareceu o cinema sonoro, em 1929. Um pouco mais tarde, a televisão. Durante o século XX, a grande questão estava em saber de que forma o teatro se poderia diferenciar do cinema e da televisão. Que elementos faziam do teatro uma expressão de arte única, impossível de imitar pelos outros meios?
Procurei encontrar, através da prática da encenação, uma resposta para as questões com que me tenho debatido desde o início: Que é o teatro e qual a sua essência? Quais os seus elementos que não podem ser substituídos nem pelo cinema nem pela televisão?
(Jerzy Grotowski, Em busca do teatro pobre, 1971.)
Se Grotowski escrevesse hoje, teria que considerar igualmente os novos meios digitais, cujo poder não tem paralelo na história da humanidade. Na verdade, também a televisão e o cinema estão em crise. Não há como negar: a formação e o gosto de uma parte significativa do público é construída online.
Que conclusão pretendemos tirar daqui? Que certas tentativas de esbater as fronteiras entre o teatro e a televisão, o cinema ou novos meios digitais, combinando técnicas específicas destes meios, não representam qualquer inovação ou avanço para o teatro. Constituem apenas e justamente uma imitação das técnicas do cinema, da televisão ou dos novos media. Nada de novo para o teatro. Nada de novo para o público, que pode retirar o mesmo “prazer estético”, digamos assim, assistindo a um reality show na televisão ou navegando na net.
Procurei encontrar, através da prática da encenação, uma resposta para as questões com que me tenho debatido desde o início: Que é o teatro e qual a sua essência? Quais os seus elementos que não podem ser substituídos nem pelo cinema nem pela televisão?
(Jerzy Grotowski, Em busca do teatro pobre, 1971.)
Se Grotowski escrevesse hoje, teria que considerar igualmente os novos meios digitais, cujo poder não tem paralelo na história da humanidade. Na verdade, também a televisão e o cinema estão em crise. Não há como negar: a formação e o gosto de uma parte significativa do público é construída online.
Que resposta tem dado o teatro a esta gigantesca mudança? As palavras de Grotowski parecem-me mais actuais do que nunca. Nada no nosso mundo se assemelha ao teatro. Essa é a sua maior força. O teatro é diferente de qualquer outro meio de expressão, é carne e osso, e essa singularidade é o seu trunfo. No entanto, tenho a sensação de que algumas encenações, numa tentativa de atrair “novos públicos”, resvalam para uma espécie de espectáculo pop, com impressionantes efeitos de luz, som e fogo-de-artifício, como se o palco fosse o youtube e a peça um sketch de stand-up comedy. O horror à “falta de originalidade”, ao respeito pelo cânone, ao teatro “chato”, ao teatro que não faz rir, ao silêncio, ao vazio, tem conduzido algum teatro a uma imitação simplista dos truques e mecanismos dos conteúdos online.
Que conclusão pretendemos tirar daqui? Que certas tentativas de esbater as fronteiras entre o teatro e a televisão, o cinema ou novos meios digitais, combinando técnicas específicas destes meios, não representam qualquer inovação ou avanço para o teatro. Constituem apenas e justamente uma imitação das técnicas do cinema, da televisão ou dos novos media. Nada de novo para o teatro. Nada de novo para o público, que pode retirar o mesmo “prazer estético”, digamos assim, assistindo a um reality show na televisão ou navegando na net.
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