David Lynch costuma lembrar que não vale a pena procurar explicações ou respostas nos seus filmes. Acho que Lynch está certo: é inútil tentar explicar uma obra de arte. O nosso drama é sermos humanos e convivermos mal com aquilo que não conseguimos explicar. Por isso, criámos Deus e os críticos. Ambos oferecem as explicações inexplicáveis de que precisamos. Ambos pertencem ao domínio da fé.
O que é curioso em David Lynch: The Art Life é a quantidade excessiva de explicações. Lynch oferece um significado para cada aspecto da sua obra ou, pelo menos, uma proposta de significado. E o mais curioso ainda, tratando-se de Lynch, é a pobreza confrangedora desse “exercício explicativo”. A história que ele constrói, a partir da memória dos seus anos de formação, é uma sequência de lugares-comuns e ideias superficiais. Tudo demasiado óbvio, redondo, sem sombra de profundidade.
Na verdade, o filme parece uma colecção de sound bites sobre a arte e a “vida de artista”, montados segundo a lógica de um simples spot publicitário. Quer dizer, Lynch dedica-se a fazer de si mesmo uma marca simpática, alimentando-a com “conceitos” simples e apelativos para uma boa parte do “público da arte”.
Há momentos na obra de David Lynch de que gosto muito e, por isso, preferia não ter visto este filme de Olivia Neergaard-Holm, Jon Nguyen e Rick Barnes. Penso em Poesia sem fim, de Alejandro Jodorowsky, ou Autografia, de Miguel Gonçalves Mendes, para dar dois exemplos relativamente recentes, e a diferença para este David Lynch: The Art Life é do tamanho de um abismo.
O que é curioso em David Lynch: The Art Life é a quantidade excessiva de explicações. Lynch oferece um significado para cada aspecto da sua obra ou, pelo menos, uma proposta de significado. E o mais curioso ainda, tratando-se de Lynch, é a pobreza confrangedora desse “exercício explicativo”. A história que ele constrói, a partir da memória dos seus anos de formação, é uma sequência de lugares-comuns e ideias superficiais. Tudo demasiado óbvio, redondo, sem sombra de profundidade.
Na verdade, o filme parece uma colecção de sound bites sobre a arte e a “vida de artista”, montados segundo a lógica de um simples spot publicitário. Quer dizer, Lynch dedica-se a fazer de si mesmo uma marca simpática, alimentando-a com “conceitos” simples e apelativos para uma boa parte do “público da arte”.
Há momentos na obra de David Lynch de que gosto muito e, por isso, preferia não ter visto este filme de Olivia Neergaard-Holm, Jon Nguyen e Rick Barnes. Penso em Poesia sem fim, de Alejandro Jodorowsky, ou Autografia, de Miguel Gonçalves Mendes, para dar dois exemplos relativamente recentes, e a diferença para este David Lynch: The Art Life é do tamanho de um abismo.
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